Esperar é unir

Papa retoma audiências jubilares: construir pontes onde há muros

Leão XIV acolheu os fiéis na Basílica de São Pedro dando continuidade a uma iniciativa proposta por seu antecessor, o Papa Francisco, para o Ano Santo

Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV acena em sua chegada para a audiência jubilar deste sábado, 14 / Foto: marco iacobucciIPA/Sipa USA via Reuters Connect

O Papa Leão XIV retomou, neste sábado, 14, as audiências jubilares programadas para este Ano Santo. O Pontífice decidiu dar continuidade às catequeses feitas pelo Papa Francisco, que a cada encontro propunha um aspecto particular da virtude teologal da esperança e uma figura espiritual que a testemunhou.

“Esperar é unir” foi o tema escolhido pelo Pontífice para a catequese de hoje. Como testemunha deste aspecto da esperança, Leão XIV falou sobre o bispo Irineu de Lião, um dos maiores teólogos cristãos.

Irineu nasceu na Ásia Menor e se formou entre aqueles que conheceram diretamente os Apóstolos. Depois, foi para a Europa, porque em Lião já havia se formado uma comunidade de cristãos provenientes de sua mesma terra.

“Como é bom nos lembrarmos dele aqui, em Roma, na Europa! O Evangelho foi trazido de fora para este continente. E, ainda hoje, as comunidades de migrantes são presenças que reavivam a fé nos países que as acolhem. O Evangelho vem de fora. Irineu une o Oriente e o Ocidente. Isso já é um sinal de esperança, pois nos lembra como os povos continuam a se enriquecer mutuamente”, explicou o Pontífice.

A unidade em Jesus

O Papa observou que Irineu tem um tesouro ainda maior para oferecer. As divisões doutrinárias que ele encontrou na comunidade cristã, os conflitos internos e as perseguições externas não o desanimaram. Pelo contrário, em um mundo desestruturado, ele aprendeu a pensar melhor, levando sua atenção cada vez mais profundamente para Jesus. Em Cristo, o que parece oposto é recomposto em unidade.

“Jesus não é um muro que separa, mas uma porta que nos une”, afirmou o Santo Padre. Ele acrescentou a necessidade de se permanecer em Jesus e distinguir a realidade das ideologias. “Ainda hoje as ideias podem enlouquecer e as palavras podem matar. A carne, porém, é a matéria de que todos somos feitos; é o que nos une à terra e às outras criaturas. A carne de Jesus deve ser acolhida e contemplada em cada irmão e irmã, em cada criatura. Ouçamos o grito da carne, ouçamos a dor dos outros nos chamar pelo nome. O mandamento que recebemos desde o início é o do amor mútuo. Ele está escrito em nossa carne, antes de qualquer lei.”

Por fim, Leão XIV destacou que Irineu ensina justamente a unidade. “Há inteligência não onde se separa, mas onde se une”, disse. Distinguir é útil, mas nunca dividir. Jesus é a vida eterna em nosso meio: Ele une os opostos e torna possível a comunhão.

“Somos peregrinos da esperança, porque entre as pessoas, os povos e as criaturas, precisamos de alguém que decida se mover em direção à comunhão. Outros nos seguirão. Como Irineu em Lião no século II, em cada uma de nossas cidades, voltemos a construir pontes onde hoje há muros. Abramos portas, unamos mundos, e haverá esperança.”

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo